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Leilão de cafés especiais fatura R$ 1,8 milhão
Publicado
1 semana atrásem
Por
Claudio P. Filla
Resumo
• O leilão do Cup of Excellence Brazil 2025 arrecadou R$ 1,8 milhão e reforçou o protagonismo do Brasil na produção de cafés especiais.
• Compradores de cerca de 30 países disputaram cafés brasileiros, valorizando qualidade, sustentabilidade e origem rastreável.
• A variedade Arara liderou os maiores lances, com sacas ultrapassando R$ 46 mil e forte presença de compradores japoneses e norte-americanos.
• As categorias Experimental e Via Úmida também registraram altos valores, destacando Geisha e Arara como variedades de excelência sensorial.
• O projeto “Brazil. The Coffee Nation” fortalece a imagem internacional dos cafés especiais do Brasil, ampliando mercados e promovendo produção sustentável.
O universo dos cafés especiais voltou a se movimentar de maneira expressiva com a nova edição do Cup of Excellence Brazil 2025, que transformou um leilão técnico em um retrato fiel do protagonismo brasileiro na cafeicultura mundial. O resultado final, que alcançou R$ 1,792 milhão após quase nove horas de disputa, refletiu não apenas a busca incessante por qualidade, mas também o reconhecimento internacional de métodos sustentáveis, rastreáveis e cada vez mais sofisticados de produção. À medida que os lances avançavam de forma intensa, a sensação era de que o Brasil reafirmava, mais uma vez, sua vocação histórica para produzir cafés capazes de impressionar especialistas e compradores em todos os continentes.
A edição registrou 2.507 lances de empresas de cerca de 30 países — da Europa à Ásia, passando por Oriente Médio e Américas —, um fluxo que evidencia a amplitude do interesse global pelos cafés nacionais. O montante arrecadado, convertido para US$ 329.694,59, garantiu o segundo maior preço médio da história do concurso, indicando que, mesmo em um mercado competitivo, o Brasil mantém uma posição de destaque ao oferecer variedades cada vez mais raras, consistentes e sensorialmente ricas.
O preço médio de US$ 20,51 por libra-peso — equivalente a aproximadamente R$ 15 mil por saca de 60 quilos — reforçou esse movimento de valorização. O resultado é fruto da articulação entre a Associação Brasileira de Cafés Especiais, a ApexBrasil e a Alliance for Coffee Excellence, que há anos trabalham para posicionar o país como referência internacional em qualidade e inovação. Segundo Vinicius Estrela, diretor-executivo da BSCA, o desempenho do leilão confirma a essência do Cup of Excellence, além de destacar o esforço dos produtores brasileiros em práticas sustentáveis e tecnologias que dialogam com as exigências do mercado internacional.
Com a presença de 23 empresas de países como Arábia Saudita, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, Malásia, Noruega e Brasil, o leilão reiterou a diversidade de destinos que hoje recebem cafés da safra 2025. Esse fluxo comercial não apenas fortalece a cadeia produtiva nacional, como também amplia a visibilidade das diferentes regiões produtoras, suas identidades e suas particularidades climáticas e sensoriais. Nas palavras de Estrela, essa pluralidade espelha a origem rastreável dos cafés brasileiros e contribui para fortalecer sua reputação mundial.
Além disso, a expressiva valorização das variedades nacionais mostra que o mercado reconhece atributos sensoriais únicos, que derivam de altitudes específicas, processos de pós-colheita bem conduzidos e um olhar técnico que se aprimora ano após ano. A combinação entre terroir e inovação parece ter sido um dos grandes motores desta edição.
O lote campeão da categoria Via Seca chamou atenção pela disputa acirrada. Produzido na Fazenda Aracaçu, em Três Pontas, no Sul de Minas, o café da variedade Arara atraiu compradores japoneses e norte-americanos. A primeira fração do lote foi arrematada por um consórcio japonês formado por Snow Beans Coffee, Assist Coffee Roastery e Kurihara Coffee Roasters, que pagou US$ 65,10 por libra-peso — o equivalente a R$ 46.803,11 por saca. A Angelino’s Coffee, dos Estados Unidos, arrematou a segunda parte por valores praticamente idênticos, consolidando o Arara como uma variedade de alto interesse para o mercado global.
Na categoria Experimental, a variedade Geisha — cultivada na Fazenda Rio Verde, em Conceição do Rio Verde, na Mantiqueira de Minas — também alcançou lances expressivos. O Grupo Cafeza arrematou a primeira fração por US$ 61,40 por libra-peso, enquanto a segunda parte foi adquirida pela empresa chinesa DECAMERON咖啡 十日谈. Os valores, que ultrapassam R$ 44 mil por saca, reforçam o prestígio contínuo da Geisha entre compradores especializados.
Outro protagonista da noite foi o lote da variedade Arara produzido na Fazenda Água Limpa, em Campos Altos, no Cerrado Mineiro, que venceu a categoria Via Úmida. A primeira parte do lote foi adquirida por compradores japoneses e chineses por US$ 55,10 por libra-peso, enquanto a segunda fração foi arrematada pela japonesa HoneyCoffee por US$ 40,60 por libra-peso. Os valores, que variam entre R$ 29 mil e R$ 39 mil por saca, mostram o interesse crescente por cafés processados via úmida, cujo perfil sensorial costuma apresentar mais limpeza, doçura e delicadeza aromática.
O concurso integra o programa “Brazil. The Coffee Nation”, iniciativa da BSCA em parceria com a ApexBrasil que busca fortalecer internacionalmente a imagem dos cafés especiais brasileiros. A ação enfatiza pilares como qualidade, diversidade e sustentabilidade — três eixos que se tornaram essenciais na nova economia cafeeira.
O projeto também contribui para ampliar a qualificação de produtores, incentivar certificações, apoiar a diversificação com o café canéfora e promover maior participação feminina na cadeia. Assim, além de posicionar o Brasil como referência em produção sustentável, amplia o alcance para mercados estratégicos da África do Sul à Austrália, passando por China, Emirados Árabes, Estados Unidos e Japão, entre outros destinos relevantes para cafés crus e industrializados.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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