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Iphan lança programa nacional para qualificar a gestão de sítios arqueológicos
Publicado
2 dias atrásem
Por
Claudio P. Filla
Resumo
• O Iphan iniciou um programa nacional de visitas técnicas para fortalecer a preservação, gestão e socialização do patrimônio arqueológico brasileiro.
• A Serra da Capivara, no Piauí, foi escolhida como projeto piloto por reunir um dos mais importantes conjuntos arqueológicos do mundo.
• A iniciativa prioriza a observação prática de experiências bem-sucedidas, integrando ciência, políticas públicas e participação social.
• Durante a missão, foram visitados sítios arqueológicos, museus, instituições de pesquisa e projetos comunitários ligados ao patrimônio.
• A partir de 2026, o programa será ampliado para outras regiões do país, criando diretrizes nacionais para a arqueologia.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional deu início a uma iniciativa estratégica voltada ao fortalecimento da arqueologia brasileira. Por meio do Centro Nacional de Arqueologia, o Iphan colocou em prática o Programa de Visitas Técnicas em Sítios Arqueológicos, criado para observar experiências consolidadas de preservação, gestão e diálogo com a sociedade, transformando essas vivências em referências para políticas públicas em escala nacional.
A estreia do programa ocorreu no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, entre os dias 30 de novembro e 6 de dezembro. Reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, a região foi escolhida como área piloto por reunir um dos conjuntos arqueológicos mais expressivos do planeta e por desenvolver, há décadas, um modelo integrado de pesquisa científica, conservação e visitação pública.
Um território que orienta políticas públicas
Durante uma semana de atividades intensivas, a equipe do CNA percorreu sítios arqueológicos, museus, laboratórios de pesquisa e instituições acadêmicas, além de promover escutas qualificadas com comunidades locais e pesquisadores que atuam diretamente na gestão do patrimônio. A proposta não foi apenas observar estruturas físicas, mas compreender a relação entre território, ciência, políticas culturais e participação social.
“A Serra da Capivara é um laboratório vivo. Observar o território de perto nos ajuda a construir diretrizes mais sólidas e realistas para o patrimônio arqueológico brasileiro”, destacou Ana Paula Leal, coordenadora de preservação do CNA/Iphan, ao comentar o papel estratégico da visita técnica.
Essa abordagem prática permitiu analisar como o patrimônio arqueológico pode ser protegido e, ao mesmo tempo, compartilhado com a população de forma responsável, respeitando limites ambientais, culturais e científicos.
Referência internacional em arqueologia
A escolha da Serra da Capivara como ponto de partida se justifica pela dimensão e pela singularidade do acervo local. São mais de 1.300 sítios arqueológicos cadastrados, com registros que incluem pinturas rupestres datadas de até 30 mil anos, além de evidências fundamentais para o debate sobre a ocupação humana nas Américas.
Ao longo das visitas, foram analisados sítios de grande relevância científica, como a Toca do Sítio do Meio, o Fundo do Baixão da Pedra Furada, a Toca do Vento e a Toca do Salitre. O roteiro incluiu ainda instituições como o Museu do Homem Americano, o Museu da Natureza, o laboratório da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), o Museu de Paleontologia Seu Pindoxo e o Sítio Arqueológico Lagoa São Vitor.
Além disso, o diálogo com o curso de Arqueologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco ampliou o debate sobre formação profissional, produção de conhecimento e os desafios enfrentados pela pesquisa arqueológica em diferentes contextos regionais.
Comunidades e socialização do patrimônio
Outro eixo central da missão foi a aproximação com iniciativas comunitárias ligadas ao patrimônio arqueológico. Projetos selecionados pelo Edital Arqueologia Viva, programa do Iphan voltado ao incentivo do turismo arqueológico e da gestão compartilhada dos sítios, foram apresentados como exemplos de como a preservação pode caminhar junto com o desenvolvimento local.
Essa escuta ativa reforçou a importância de políticas que considerem as comunidades como agentes fundamentais na proteção do patrimônio, e não apenas como público visitante, ampliando o alcance social da arqueologia brasileira.
Expansão prevista para 2026
A experiência no Piauí marca apenas a primeira etapa do Programa de Visitas Técnicas. A partir de 2026, a iniciativa será estendida a outras regiões do país, contemplando diferentes biomas, tipologias de sítios arqueológicos e modelos de gestão. Estão previstas visitas a áreas como Nova Olinda, no Ceará; Olho d’Água do Casado, em Alagoas; o Parque Histórico São Miguel das Missões e sítios associados em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul; além da Ilha do Campeche, em Florianópolis.
Os dados e observações reunidos na Serra da Capivara serão consolidados em um relatório técnico que servirá de base para aprimorar metodologias, orientar decisões estratégicas e subsidiar diretrizes voltadas à preservação e à socialização do patrimônio arqueológico em todo o território nacional. Assim, a iniciativa avança não apenas como um programa de visitas, mas como um instrumento estruturante para o futuro da política arqueológica brasileira.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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