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Agro

Agronegócio vive déficit crescente de mão de obra e desafia empresas na disputa por talentos

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Agronegócio vive déficit crescente de mão de obra e desafia empresas na disputa por talentos
Resumo

• O agronegócio brasileiro enfrenta crescente dificuldade para atrair e reter profissionais, afetando desde a administração até as operações de campo.
• A complexidade dos ciclos produtivos e a localização remota das fazendas ampliam o desafio de formação e permanência de talentos no setor.
• Executivos apontam que a retenção está no centro da agenda de RH, superando temas como capacitação e competitividade salarial.
• A modernização do setor exige equilíbrio entre investimentos em tecnologia e desenvolvimento humano para garantir resultados sustentáveis.
• A inteligência artificial ganha papel estratégico e tende a favorecer profissionais capazes de utilizá-la de forma eficiente no agronegócio.

O agronegócio brasileiro avança em tecnologia, produtividade e alcance global, porém convive com um paradoxo que se intensifica ano após ano: a dificuldade de encontrar e manter profissionais qualificados. O problema, apontado por uma pesquisa do FESA Group, não aparece apenas como um desafio periférico, mas como o eixo central da estratégia de Recursos Humanos das principais companhias do setor. Aliás, esse movimento evidencia como a competitividade no agro passa, inevitavelmente, pela valorização do capital humano.

Conduzida com 56 executivos de grandes empresas nacionais e multinacionais — todas com faturamento superior a R$ 1 bilhão e quadros com mais de 500 funcionários —, a pesquisa revela que mais de 90% dos entrevistados ocupam posições de diretoria, vice-presidência ou gerência executiva. Ainda que predominem respostas do Estado de São Paulo, os resultados refletem uma realidade nacional marcada pela expansão das fronteiras agrícolas e pela crescente necessidade de profissionais especializados para sustentar operações complexas.

A atração e retenção no centro da agenda

Segundo o levantamento, 25% dos líderes apontam a atração e retenção de talentos como o maior desafio do setor, superando temas como treinamento, capacitação e competitividade salarial, que ficam em torno de 15%. Esse dado reforça que o problema não está apenas nos processos seletivos, mas principalmente na permanência desses profissionais em um setor onde o ciclo de aprendizado é naturalmente mais longo.

O agronegócio opera sob ritmos muito diferentes dos observados em setores industriais. Enquanto a indústria alimentícia pode lançar um novo produto em poucas semanas, cadeias produtivas agrícolas podem levar mais de um ano até sua conclusão. Essa característica torna o desenvolvimento de competências mais demorado, exigindo profissionais pacientes, adaptáveis e comprometidos com ciclos produtivos longos. Entretanto, nem sempre essa disposição é compatível com o perfil das novas gerações, que buscam respostas rápidas, crescimento acelerado e maior autonomia no trabalho.

Distâncias geográficas e desafios cotidianos

Além da complexidade técnica, a localização remota das operações agrícolas amplia o desafio de atrair mão de obra. Muitas unidades produtivas estão situadas longe dos grandes centros urbanos, exigindo deslocamento, mudança de cidade ou adaptação a rotinas afastadas da infraestrutura urbana. Essa condição afeta tanto funções administrativas quanto operacionais, dificultando a contratação de profissionais para todas as etapas da cadeia.

As empresas, que antes buscavam apenas salários competitivos, agora percebem que a retenção depende de algo maior: cultura, propósito, segurança psicológica, autonomia e clareza de carreira. A pesquisa mostra que, para manter profissionais por mais tempo, é essencial que o colaborador encontre sentido no trabalho e enxergue oportunidade de evolução.

O futuro da gestão de pessoas no agro

O estudo também indica uma mudança significativa no papel do RH dentro das empresas do agronegócio, que passam a adotar uma postura mais estratégica, apoiada pelo uso ampliado de tecnologias. A tomada de decisão baseada em dados, sistemas de recrutamento mais sofisticados e ferramentas de gestão integrada começam a remodelar a rotina das organizações.

Contudo, ainda persiste um dilema: onde priorizar investimentos? Há consenso de que tecnologia garante eficiência imediata, mas o investimento em pessoas determina resultados duradouros. Por isso, muitas companhias têm buscado equilíbrio entre inovação operacional e desenvolvimento humano, criando programas de formação, capacitação regional e incentivo à permanência.

A pesquisa também destaca a crescente importância da inteligência artificial no ambiente corporativo do setor. Ela deixa de ser um diferencial para se tornar um requisito, e os profissionais capazes de utilizá-la de forma estratégica ocuparão espaços privilegiados em um cenário de transformação digital. Por outro lado, quem não dominar essas ferramentas tende a perder competitividade, especialmente em áreas como gestão de dados, logística agrícola, planejamento e análise de riscos.

Um retrato claro de um desafio estrutural

A escassez de profissionais no agronegócio não é um fenômeno pontual, tampouco restrito ao campo — ela abrange toda a cadeia produtiva e exige respostas estruturais. O setor, que carrega um papel decisivo na economia brasileira, precisa reorganizar sua relação com os talentos, oferecendo mais do que vagas: oferecendo caminhos de desenvolvimento. Assim, enquanto tecnologia impulsiona a eficiência no curto prazo, apenas o investimento consistente em pessoas garantirá a sustentabilidade do agro no futuro.

  • Agronegócio vive déficit crescente de mão de obra e desafia empresas na disputa por talentos

    Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.

    E-mail: [email protected]