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Agro

Centro-Sul desacelera moagem na reta final da safra e processa menos cana em novembro

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Centro-Sul desacelera moagem na reta final da safra e processa menos cana em novembro
Resumo

• A moagem de cana no Centro-Sul desacelerou na segunda quinzena de novembro, refletindo o avanço do encerramento da safra e a redução no número de usinas em operação.
• O fechamento antecipado de unidades industriais contribuiu para a queda no volume processado, confirmando um ciclo mais curto em comparação à safra anterior.
• A produção de açúcar recuou de forma expressiva, resultado do ajuste contínuo no mix produtivo e da maior destinação da cana para o etanol.
• O etanol manteve protagonismo, com destaque para o crescimento do anidro e a participação consolidada do milho como matéria-prima relevante.
• Mesmo com menor moagem, a melhora na qualidade da cana, medida pelo ATR, ajudou a compensar parte das perdas e elevar a eficiência industrial.

A segunda quinzena de novembro marcou uma desaceleração mais evidente no ritmo da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil. Tradicionalmente associada à fase final do ciclo produtivo, essa etapa foi caracterizada por uma redução expressiva no volume processado pelas usinas, refletindo tanto o avanço do encerramento das atividades industriais quanto mudanças estratégicas na destinação da matéria-prima.

De acordo com dados consolidados do setor, as unidades da região processaram 15,99 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na segunda metade do mês, um volume significativamente inferior ao observado no mesmo período da safra anterior. A queda reforça a leitura de que o ciclo 2025/26 entra em sua fase final com menor intensidade operacional, influenciada por fatores climáticos, logísticos e econômicos que se acumularam ao longo da temporada.

Moagem recua com fechamento acelerado de usinas

A redução no volume processado está diretamente ligada ao número menor de unidades em operação. Na segunda quinzena de novembro, apenas 144 usinas permaneceram ativas no Centro-Sul, sendo a maioria dedicada ao processamento de cana, além de plantas focadas na produção de etanol de milho e unidades flex. Esse contingente representa uma diminuição expressiva em relação ao mesmo intervalo do ciclo anterior, quando quase duzentas unidades ainda operavam.

Somente nos últimos quinze dias de novembro, mais de cinquenta usinas encerraram a moagem, elevando de forma consistente o total de unidades que já concluíram suas atividades desde o início da safra. Esse movimento confirma a antecipação do fechamento industrial em diversas regiões produtoras, encurtando o período efetivo de processamento.

Segundo Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, o ritmo observado indica que a maior parte do parque industrial já havia finalizado as operações antes mesmo do início de dezembro. Para ele, esse comportamento reforça a leitura de uma safra mais curta, com menor disponibilidade de cana no campo e estratégias mais conservadoras por parte das usinas.

Produção de açúcar perde espaço no mix industrial

Além da queda na moagem, a produção de açúcar apresentou retração ainda mais acentuada na segunda quinzena de novembro. O volume fabricado ficou bem abaixo do registrado no mesmo período da safra anterior, refletindo um ajuste contínuo no mix produtivo das usinas do Centro-Sul.

A proporção de cana destinada à fabricação de açúcar diminuiu de forma relevante, dando lugar a um maior direcionamento da matéria-prima para a produção de etanol. Esse movimento não é pontual e vem sendo observado de maneira consistente ao longo das últimas quinzenas, indicando uma estratégia alinhada às condições de mercado e à maior competitividade do biocombustível no período.

Luciano Rodrigues destaca que essa mudança no mix se consolidou ao longo da safra, com o etanol alcançando participação majoritária na destinação da cana nos últimos quinze dias de novembro. Segundo ele, o ajuste reflete tanto a dinâmica de preços quanto a necessidade de atender à demanda interna por combustíveis renováveis.

Etanol ganha protagonismo, com destaque para o milho

Com maior volume de cana direcionado ao etanol, a produção total do biocombustível manteve um patamar elevado na quinzena, mesmo diante da menor moagem. O etanol hidratado apresentou recuo na comparação anual, enquanto o etanol anidro registrou crescimento, evidenciando um equilíbrio distinto entre os dois tipos de produto.

Outro ponto relevante foi a participação do etanol de milho, que respondeu por quase um terço do volume total produzido no período. Ainda que tenha apresentado leve variação negativa em relação à safra passada, o dado confirma a consolidação dessa rota produtiva como componente estrutural da matriz de biocombustíveis do Centro-Sul, reduzindo a dependência exclusiva da cana-de-açúcar.

Qualidade da cana atenua efeitos da menor moagem

Apesar da retração no volume processado, a qualidade da matéria-prima apresentou melhora. O ATR médio da cana colhida na segunda quinzena de novembro avançou de forma consistente em relação ao mesmo período do ciclo anterior, indicando maior concentração de açúcares por tonelada.

Esse ganho de qualidade contribuiu para mitigar parte dos impactos da menor moagem, permitindo às usinas extrair mais valor da cana disponível. Em um cenário de encerramento gradual da safra, o aumento do ATR reforça a importância do manejo agrícola e do momento de colheita para maximizar a eficiência industrial.

  • Centro-Sul desacelera moagem na reta final da safra e processa menos cana em novembro

    Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.

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