A safra brasileira de café 2025/26 encerrou um ciclo marcado por contrastes, desafios climáticos e, ainda assim, resultados expressivos. Em um cenário de bienalidade negativa — período natural em que o cafeeiro reduz seu vigor produtivo —, o país alcançou 56,5 milhões de sacas de 60 kg, um crescimento de 4,3% em relação à temporada anterior.
O desempenho, que superou expectativas iniciais, consolida a colheita como a terceira maior já registrada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atrás apenas dos ciclos de 2020 e 2018, ambos marcados por bienalidade positiva.
Produtividade em alta e o papel decisivo do conilon
Embora a área em produção tenha encolhido levemente — queda de 1,2%, totalizando 1,85 milhão de hectares —, a produtividade média nacional subiu para 30,4 sacas por hectare. Esse avanço está diretamente ligado ao desempenho das lavouras de conilon, que mostraram vigor mesmo em condições de alternância produtiva.
- Segundo relatório da Conab, “a regularidade climática favoreceu o vigor das plantas e resultou em elevada carga produtiva”. Isso explica por que o conilon alcançou 20,8 milhões de sacas, um salto de 42,1% sobre o ciclo anterior, tornando-se o grande protagonista da safra.
O Espírito Santo, maior produtor nacional da espécie, reforçou sua relevância ao registrar 14,2 milhões de sacas, avanço de 43,8%. A Bahia também surpreendeu, crescendo 68,7% e alcançando 3,29 milhões de sacas. Em Rondônia, a produção chegou a 2,32 milhões de sacas, alta de 10,8%. Essa ampla recuperação revela como o conilon se consolidou como um pilar de estabilidade para o setor, sobretudo em anos de menor expressão do arábica.
Arábica sente impactos da bienalidade e do clima adverso
Enquanto o conilon impulsionou o crescimento nacional, o café arábica enfrentou uma temporada de retração. Além da bienalidade negativa, períodos prolongados de escassez hídrica comprometeram o potencial das lavouras, afetando tanto o desenvolvimento dos grãos quanto o enchimento dos frutos ao longo do ciclo.
A área destinada ao arábica recuou 1,5%, somando 1,49 milhão de hectares, mas o maior impacto veio da queda de 8,4% na produtividade média, que ficou em 24,1 sacas por hectare. Assim, a colheita da espécie foi estimada em 35,76 milhões de sacas, redução de 9,7% frente ao ciclo anterior.
Minas Gerais, responsável por cerca de 70% do arábica nacional, sentiu fortemente os efeitos da bienalidade e das condições climáticas. O Estado fechou a safra com 25,17 milhões de sacas, queda de 9,2%. Em São Paulo, a retração foi ainda mais expressiva, chegando a 12,9%, com produção estimada em 4,7 milhões de sacas.
Ainda assim, algumas áreas apresentaram recuperação. A Bahia, por exemplo, registrou leve crescimento de 2,5%, atingindo 1,14 milhão de sacas de arábica. No Cerrado, a melhoria na distribuição das chuvas impulsionou o potencial produtivo, refletindo um aumento de 18,5%.



