Natureza
Tem um pé de pitanga em casa? Conheça 3 pássaros que fazem festa no seu quintal
Publicado
1 semana atrásem
Por
Claudio P. Filla
Resumo
• A pitangueira é uma árvore nativa que fortalece o ecossistema urbano ao alimentar e atrair diversas espécies de aves.
• Seus frutos nutritivos garantem interação ecológica, ajudando na dispersão natural de sementes.
• O sabiá-do-campo visita a pitangueira ao amanhecer e contribui para espalhar sementes enquanto se alimenta.
• O bem-te-vi utiliza a árvore como ponto de alimentação e observação, retornando diariamente durante a frutificação.
• O sabiá-laranjeira aprecia as pitangas mais doces e desempenha papel essencial na regeneração de áreas urbanas.
A presença de uma pitangueira no quintal tem o poder de transformar por completo a dinâmica de um jardim. Além de oferecer frutos delicadamente adocicados, que fazem parte da memória afetiva de muitos brasileiros, a espécie desempenha um papel ecológico essencial nas cidades e nas áreas rurais. O perfume das flores, o brilho das folhas e o rubor intenso das pitangas maduras criam um espetáculo natural que não encanta apenas os humanos. A árvore se torna um ponto de encontro para diversas aves, que encontram nela alimento, abrigo e um pequeno refúgio diante das mudanças impostas pelos ambientes urbanos.
Segundo o engenheiro florestal Daniel Moretti, especialista em ecossistemas urbanos, a pitangueira “funciona como uma espécie de estação de abastecimento para a avifauna, já que frutifica várias vezes ao ano e oferece nutrientes importantes para o metabolismo das aves”. A bióloga e pesquisadora de fauna silvestre Marina Alencar complementa que a árvore, além de alimentar, contribui para o fluxo de espécies entre bairros e fragmentos florestais, mantendo a biodiversidade ativa: “A pitangueira é uma das plantas nativas mais generosas quando falamos de interação ecológica.”
A relevância ecológica da pitangueira
A Eugenia uniflora, conhecida por seus frutos vermelhos, alaranjados ou quase negros quando totalmente maduros, é um símbolo do bioma Mata Atlântica e se adaptou com facilidade aos mais diversos solos brasileiros. Aliás, sua rusticidade permite que cresça tanto em quintais arborizados quanto em calçadas ensolaradas, desde que receba luz abundante e regas moderadas.

Além da beleza, a árvore oferece frutos altamente nutritivos, ricos em vitamina C, carotenoides e antioxidantes, o que a torna especialmente atrativa para aves frugívoras. Quando a pitanga amadurece e se desprende com facilidade, ela passa a desempenhar outro papel essencial: a dispersão de sementes, garantindo que novas árvores germinem e mantenham viva a paisagem nativa.
Entretanto, é na relação com os pássaros que a pitangueira revela sua vocação mais encantadora. A seguir, conheça com profundidade três espécies que fazem da árvore parte de sua rotina e encontram nela um verdadeiro banquete.
Sabiá-do-campo
O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) é um dos pássaros mais observados em regiões urbanas e rurais. Reconhecido pelo canto melodioso — ora imitador, ora totalmente autoral — ele costuma visitar pitangueiras próximas ao amanhecer, quando o ar ainda está fresco e os frutos começam a se soltar.
De porte médio, plumagem acinzentada e comportamento ativo, o sabiá-do-campo é um consumidor assíduo das pitangas maduras. Marina Alencar explica que “a espécie tem preferência por frutos suculentos e de fácil acesso, especialmente aqueles que ainda estão presos aos galhos, mas já apresentam aroma forte e coloração intensa”.
Além disso, o pássaro contribui significativamente para a dispersão das sementes, pois costuma levar o fruto para áreas próximas antes de consumi-lo por completo. Assim, pequenos rebentos acabam surgindo em locais inesperados, ampliando a presença da espécie na paisagem.
- Veja também: Árvores frutíferas de crescimento rápido para transformar o quintal em um pomar cheio de vida
Bem-te-vi
Difícil falar de aves urbanas sem mencionar o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). Seu canto característico atravessa quintais, ruas e praças, anunciando-se com personalidade. Embora seja conhecido como um predador oportunista — alimentando-se de insetos, pequenos vertebrados e até migalhas humanas — o bem-te-vi também tem grande apreço por frutos frescos, e a pitanga está entre seus favoritos.
O engenheiro florestal Daniel Moretti explica que “o bem-te-vi é extremamente adaptável e, por isso, usa a pitangueira tanto para se alimentar quanto como ponto de observação, já que a copa oferece boa visibilidade para detectar presas e predadores”. Com movimentos ágeis, ele costuma capturar os frutos diretamente do galho, num voo rápido e preciso.
Por ser uma espécie territorialista, é comum que um mesmo indivíduo retorne à pitangueira diariamente durante o período de frutificação, garantindo um fluxo contínuo de vida, canto e movimento no jardim.
Sabiá-laranjeira
O sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), ave símbolo do Brasil, é talvez o visitante mais emotivo da pitangueira. Sua presença costuma estar associada ao cantar do início da manhã e ao fim da tarde, momentos em que busca os frutos mais doces, especialmente os de coloração mais escura.
Dotado de uma combinação harmoniosa de tons alaranjados e amarronzados, o sabiá-laranjeira é um frugívoro estratégico: come as pitangas com delicadeza, descartando sementes que poderão germinar posteriormente. Para Marina Alencar, “essa relação entre o sabiá-laranjeira e a pitangueira é uma das mais importantes para a regeneração natural de áreas urbanas, pois a espécie percorre longas distâncias diariamente”.
Além disso, sua postura tranquila e curiosa transforma qualquer jardim em cenário de observação. Não é raro vê-lo pousado nos galhos mais altos, analisando o ambiente antes de descer para se alimentar, num comportamento quase ritualístico.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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