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Anvisa redefine regras para fitoterápicos e abre nova fase para medicamentos de origem vegetal no Brasil
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4 horas agoon

A aprovação do novo marco regulatório para medicamentos fitoterápicos pela Anvisa inaugura um momento decisivo para o setor no Brasil. Após mais de uma década sem uma revisão completa das normas, a agência atualiza critérios que passam a dialogar de forma mais direta com a natureza específica dos produtos de origem vegetal, reconhecendo suas particularidades científicas, produtivas e terapêuticas. A mudança representa não apenas uma simplificação de processos, mas também um reposicionamento estratégico do país diante do potencial ainda pouco explorado da sua biodiversidade.
Logo de início, a nova regulamentação deixa claro que os fitoterápicos não podem ser tratados sob a mesma lógica dos medicamentos sintéticos. Ao ajustar as exigências técnicas à realidade dos extratos vegetais, a Anvisa cria um ambiente regulatório mais coerente com a forma como esses medicamentos são desenvolvidos, controlados e utilizados, permitindo avanços sem comprometer a segurança e a qualidade.
Uma nova lógica para os extratos vegetais
O ponto central da atualização está na maneira como os extratos vegetais — base dos medicamentos fitoterápicos — passam a ser avaliados. Até então, as regras exigiam padrões inspirados em fármacos sintéticos, nos quais uma única substância ativa costuma ser isolada e controlada. No universo das plantas medicinais, entretanto, esse modelo nem sempre se aplica.
A nova norma reconhece que há plantas cujo efeito terapêutico é atribuído a uma substância claramente identificada, enquanto outras apresentam eficácia comprovada mesmo sem que seja possível apontar um composto específico como responsável pelo resultado clínico. A partir dessa distinção, o marco regulatório estabelece critérios técnicos diferentes para a comprovação da qualidade do insumo ativo vegetal, respeitando os níveis de conhecimento científico já consolidados para cada espécie.
Esse ajuste tende a reduzir entraves técnicos e burocráticos que, na prática, limitavam o desenvolvimento de novos produtos e desestimulavam investimentos em pesquisa aplicada.
Impacto direto no aproveitamento da biodiversidade brasileira
A revisão das regras ocorre em um cenário emblemático. O Brasil detém a maior biodiversidade do planeta, mas ainda apresenta um número modesto de medicamentos fitoterápicos regularizados. Atualmente, pouco mais de 350 produtos estão registrados na Anvisa, enquanto países como o Reino Unido e a Alemanha contam com milhares de opções disponíveis no mercado.
Esse contraste evidencia um gargalo histórico entre o potencial biológico do país e sua capacidade de transformar conhecimento tradicional e científico em produtos regulamentados. Estima-se que apenas uma pequena fração das espécies vegetais brasileiras tenha sido estudada com foco medicinal, o que reforça a importância de um marco regulatório mais alinhado à realidade nacional.
Ao flexibilizar exigências sem abrir mão do rigor técnico, a nova norma cria condições mais favoráveis para ampliar o portfólio de fitoterápicos, estimular cadeias produtivas sustentáveis e integrar, de forma responsável, a biodiversidade aos sistemas de saúde.
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O que muda com a nova regulamentação
O novo marco é composto por uma Resolução da Diretoria Colegiada que trata do registro e da notificação de medicamentos fitoterápicos, acompanhada por Instruções Normativas que detalham procedimentos específicos. Entre elas, estão diretrizes para o registro simplificado, critérios para avaliação de resíduos de agrotóxicos e definições sobre restrições na composição desses medicamentos.
A aprovação ocorreu em reunião da Diretoria Colegiada da Anvisa e a publicação no Diário Oficial da União consolida a entrada em vigor das novas regras. O processo de revisão contou com consulta pública, audiências e debates técnicos, o que reforça o caráter participativo da construção normativa.
Conexão com o mercado internacional
Outro efeito relevante da atualização regulatória é a aproximação das regras brasileiras aos padrões adotados internacionalmente, especialmente aqueles utilizados na Europa. Ao alinhar critérios técnicos e conceituais, o Brasil amplia suas possibilidades de inserção no mercado global de fitoterápicos, facilitando tanto a exportação quanto parcerias em pesquisa e desenvolvimento.
Na prática, essa convergência tende a aumentar a competitividade da indústria nacional, além de estimular a circulação de conhecimento científico e tecnológico. O novo marco, portanto, não se limita ao ambiente regulatório interno, mas projeta impactos econômicos, científicos e ambientais de longo prazo.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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