Resumo
• A Conab projeta safra 2025/26 em 354,4 milhões de toneladas, leve alta impulsionada pela expansão da área plantada, apesar da queda na produtividade.
• A soja deve bater novo recorde, com 177,1 milhões de toneladas, após avanço da semeadura e condições climáticas mais favoráveis na segunda quinzena de novembro.
• O arroz registra retração de 12,4% por redução de área, enquanto o feijão mantém estabilidade, garantindo abastecimento interno semelhante ao ciclo anterior.
• O milho apresenta queda geral de 1,5%, mas a primeira safra cresce 3,9%, com avanço significativo da semeadura e previsão de 25,9 milhões de toneladas.
• As exportações seguem fortes: a soja já alcança 104,79 milhões de toneladas embarcadas até novembro, gerando US$ 42 bilhões e impulsionando o saldo da balança comercial.
A agricultura brasileira caminha para mais uma temporada de alta produtividade, mesmo diante de desafios climáticos e mercadológicos. Segundo o terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos na safra 2025/26 pode alcançar 354,4 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 0,6% em relação ao ciclo anterior. Em volume absoluto, são 2,2 milhões de toneladas a mais do que o obtido na temporada 2024/25.
Essa leve alta, no entanto, não vem de um salto de produtividade, mas sim da ampliação da área cultivada. A estimativa da Conab aponta para 84,2 milhões de hectares plantados, um avanço de 3% sobre os 81,7 milhões de hectares da safra anterior. Por outro lado, a produtividade média nacional das lavouras apresenta retração, estimada em 4.210 quilos por hectare, abaixo dos 4.310 quilos registrados no ciclo anterior.
Principal cultura da primeira safra brasileira, a soja já alcança 90,3% da área semeada em todo o país. Em Mato Grosso, estado que lidera a produção nacional, a semeadura foi concluída. Apesar de um início irregular das chuvas em regiões como o Centro-Oeste, Norte, Nordeste e partes de Minas Gerais, a segunda quinzena de novembro trouxe precipitações mais consistentes, o que normalizou os trabalhos no campo.
A expectativa da Conab é que a soja ocupe 48,9 milhões de hectares, resultando em uma colheita estimada em 177,1 milhões de toneladas — 3,3% acima da safra 2024/25. Se confirmada, essa será a maior produção da história para a oleaginosa no país.
Enquanto a soja ganha terreno, o arroz apresenta retração. A previsão de colheita é de 11,2 milhões de toneladas, o que corresponde a uma queda de 12,4% em relação ao ciclo anterior. A principal razão está na redução da área plantada, agora estimada em 1,62 milhão de hectares, reflexo direto do cenário mercadológico. Ainda assim, estados como o Rio Grande do Sul já concluíram 98% da semeadura, enquanto Santa Catarina finalizou o plantio.
Já o feijão, tradicional companheiro do arroz no prato do brasileiro, mantém estabilidade. A produção total, considerando as três safras, está projetada em cerca de 3 milhões de toneladas, número semelhante ao do ciclo anterior. O Paraná e São Paulo já finalizaram o plantio da primeira safra, enquanto Minas Gerais e Bahia seguem avançando, com 93,8% e 67% da área semeada, respectivamente.
Com a soma das três safras, a produção de milho em 2025/26 deve atingir 138,9 milhões de toneladas, número 1,5% inferior ao do último ciclo. Apesar da retração geral, a primeira safra mostra recuperação, com produção prevista em 25,9 milhões de toneladas, alta de 3,9% frente ao ciclo anterior. A semeadura já cobre 71,3% da área estimada, que é de 4 milhões de hectares.
Entre as culturas de inverno, o trigo encerra seu ciclo com quase toda a área colhida — 98%, segundo a Conab. A produção estimada é de 8 milhões de toneladas, ligeiramente superior (0,9% a mais) que a registrada na temporada passada. As condições climáticas foram, em geral, favoráveis ao longo do desenvolvimento da cultura, embora alguns episódios pontuais tenham exigido atenção dos produtores.
Comércio externo mantém ritmo forte, com soja como destaque
No que diz respeito ao mercado, a Conab manteve praticamente inalterado o quadro de suprimentos da safra 2024/25. Um dos poucos ajustes foi na previsão de exportações: a nova estimativa indica 106,97 milhões de toneladas embarcadas até o fim de 2025, um aumento de 313 mil toneladas em relação à projeção anterior.
De janeiro a novembro, o Brasil já exportou 104,79 milhões de toneladas de soja em grãos, superando o recorde histórico de 101,87 milhões de toneladas registrado em todo o ano de 2021. Esse desempenho rendeu ao país uma arrecadação expressiva: US$ 42 bilhões.
Os dados atualizados constam no 3º Levantamento da Safra de Grãos 2025/26, divulgado pela Conab e disponível para consulta completa no Portal da Conab.



