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Lecampo terá aulas no espaço do MAE-UFPR em Paranaguá
Publicado
1 semana atrásem
Por
Claudio P. Filla
Resumo
• O Lecampo iniciará aulas presenciais em 2026 no MAE-UFPR em Paranaguá, aproximando a formação das comunidades rurais e litorâneas.
• A mudança fortalece a permanência estudantil e integra ciência, cultura e identidade territorial no processo formativo.
• As aulas seguem a pedagogia da alternância, permitindo que estudantes conciliem trabalho, vida comunitária e estudo.
• A licenciatura tem vestibular próprio e é voltada a educadores do campo, como agricultores familiares, ribeirinhos, quilombolas e indígenas.
• O curso se apoia na agroecologia e no desenvolvimento sustentável, formando docentes comprometidos com o território e sua diversidade.
A chegada do curso de Licenciatura em Ciências do Campo – Ciências da Natureza ao espaço do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná (MAE-UFPR), em Paranaguá, inaugura uma fase decisiva para o fortalecimento da Educação do Campo no litoral.
Depois de mais de uma década de atuação, o Lecampo expande sua presença física e simbólica ao ocupar um espaço que, por si só, reúne memória, cultura, pesquisa e diferentes modos de viver o território. A mudança não apenas facilita o acesso dos estudantes, mas também amplia a potência formativa de um curso criado para dialogar diretamente com as comunidades rurais, ribeirinhas, insulares e tradicionais da região.
Um movimento que aproxima universidade, território e comunidades
A primeira turma em Paranaguá deve iniciar as atividades em 2026, consolidando um desejo antigo de aproximar o Lecampo dos estudantes que, em grande parte, são originários das ilhas, áreas rurais e escolas do campo do litoral. Para muitos, o deslocamento até Curitiba representava uma barreira. Assim, ter o MAE-UFPR como sede fortalece a permanência dos estudantes, ao mesmo tempo que permite que o curso se desenvolva em diálogo com o espaço que guarda patrimônios culturais e ambientais fundamentais para o entendimento da região.
A orientação da professora Andressa Kerecz Tavares reforça esse sentido de pertencimento. Ao comentar a mudança, ela destaca que “muitos deles vêm de comunidades rurais, ilhas e escolas do campo do litoral, então ter aulas no MAE facilita o acesso e fortalece essa conexão com as comunidades”. Aliás, essa proximidade física contribui para que o processo formativo seja mais coerente com as realidades que o curso se propõe a transformar.
Quando educação e território se encontram
As aulas do Lecampo seguem a pedagogia da alternância, modelo em que os períodos formativos se dividem entre momentos intensivos na universidade e tempos de vivência nas comunidades. Por serem concentradas nos finais de semana, as atividades em Paranaguá se integram de maneira ainda mais orgânica ao cotidiano dos educadores do campo, que conciliam trabalho, vida comunitária e estudo.
A utilização do espaço do MAE-UFPR, além de ampliar as condições materiais de ensino, permite vivenciar conteúdos de forma mais concreta e situada. Ciência, cultura, memória e identidade territorial deixam de ser abstrações e passam a constituir o próprio ambiente de aprendizagem. Como lembra Andressa, “para nós, é uma forma de garantir melhores condições de aprendizagem, fortalecer a permanência estudantil e oferecer uma formação mais conectada com as especificidades do território”.
Assim, os estudantes encontram no museu não apenas infraestrutura, mas um cenário que reforça o sentido da formação: compreender o campo a partir de sua complexidade histórica, social e ambiental.
Um curso pensado para os sujeitos do campo
A Licenciatura em Ciências do Campo – Ciências da Natureza possui um processo seletivo distinto do vestibular tradicional da UFPR, com editais próprios e provas realizadas em um ano para ingresso no seguinte. Essa especificidade faz parte da identidade do Lecampo, criado para atender educadores que já atuam em suas comunidades, mas não tiveram acesso a uma formação superior.
O público prioritário inclui agricultores familiares, assentados, acampados, pescadores, ribeirinhos, quilombolas, indígenas, ilhéus e povos da floresta. Todos esses grupos compartilham modos de vida que dialogam diretamente com a proposta pedagógica do curso, voltada à formação de docentes capazes de atuar de maneira crítica, contextualizada e comprometida com a sustentabilidade social e ambiental.
Além disso, o curso incorpora como referência a agroecologia e o desenvolvimento sustentável, de modo que os estudantes se tornam aptos a identificar demandas curriculares, fortalecer a autonomia das comunidades e legitimar conhecimentos locais. Essa perspectiva amplia o papel do educador: ele deixa de ser apenas transmissor de conteúdos e assume o compromisso de articular saberes tradicionais, ciência contemporânea e práticas pedagógicas transformadoras.
Uma formação que nasce do território e retorna a ele
Com a expansão para o MAE-UFPR em Paranaguá, o Lecampo reafirma sua vocação: formar professores que compreendem profundamente os espaços onde vivem, trabalham e constroem suas identidades. É uma formação que se volta para o presente, mas também projeta futuro ao valorizar a diversidade socioambiental e fortalecer a educação como ferramenta de permanência, reconhecimento e desenvolvimento.
Mais informações sobre o curso estão disponíveis no link fornecido pela instituição.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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